sexta-feira, 26 de março de 2010

2

Na filosofia chinesa, o mundo é composto por duas forças complementares do Yin-yang que oscilam entre noite e dia, bem e mal, prazer e dor, quente e frio, e infinitas dualidades que engendram tudo o que existe. A terceira lei de Newton afirma que o mundo é regido pelas forças contrárias de ação e reação, evidenciando a dualidade presente em cada ato realizado.

Esse princípio dialético está presente na idéia de Sabyne: para construir é preciso destruir, para erguer o alto, é preciso erguer o baixo. O homem constrói seu lar a partir da destruição da natureza, extraindo do solo a argila para o tijolo, das árvores a madeira, das entranhas das montanhas o minério; tudo o que é construído pelo homem é extraido da Terra. É uma verdade óbvia mas que está sedimentada nas sucessivas camadas de artificialidade produzidas pelo homem, e por isso despercebida. A vida contemporânea urbana é industrializada. Em todos os aspectos o homem usa e consome bens industriais, até a alimentação é artificial. A natureza crua está revestida de asfalto, concreto, alumínio, pvc, silicone, e tantas outras peles polimerizadas. Consequentemente, o viver torna-se sintético, um produto de laboratório - corrigido por doses de diazepam.

Realizado apenas com terra e grama, o Projeto Casa de Sabyne Cavalcanti expressa numa linguagem clara as forças duais de Yin-yang:os círculos que sobem são os mesmos círculos que descem. Esta proposta descasca o verniz do "progresso", questionando o poder de transformação da natureza pelo homem. Construir e destruir são faces da mesma moeda, paga pela ambição humana.


Artur V. Cordeiro

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um mergulho na terra para retirar a venda que a arte nos impôs.

A relação da artista com a terra está ligada a procura de um autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, e é através dessa experiência que a sua arte foi se elaborando e apresentando novas possibilidades para o viver e o fazer.
Vida e arte se movendo num terreno comum, o que lhe interessa não é simplesmente apresentar uma ação artística, mas agregar a arte, algo que se apresente como um enigma, não para ser desvendado, mas para gerar novos enigmas. A relação alquímica da artista com os elementos da natureza seja o barro, a grama, a ferrugem, tem se revelado uma fonte de potência poética.

Criandos ambientes poéticos destinados a ser um espaço para a manifestação da vida, uma abertura no solo, revestido com grama, convida o publico a comunhão com o elemento terra, a um rito, entre o frio e o quente, o vazio e o cheio, a terra é removida do seu espaço, dando lugar a uma cavidade, uma quase moradia. O que a artista propõe é que todos os participantes vivam novas sensações

Podemos pensar esta descida como um encontro entre vida e morte, é só lembrarmos, que para os Astecas, a terra é a mãe criadora, mas também aquela que se alimenta dos mortos, sendo, portanto também destruidora.

Através da construção deste sítio específico, Sabyne Cavalcanti, procura expandir a percepção do mundo apreendido e a importância de ser e estar aqui, compactuando este lugar; isso é a vida feito arte.

Solon Ribeiro

domingo, 17 de janeiro de 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dia seis

Na segunda-feira dia 11 de janeiro de 2010, a grama plantada provisoriamente foi refeita, foram consertadas algumas erosões no solo por conta da chuva Apesar do plantio preventivo contra a erosão, como a grama estava recém-plantada, suas raízes estavam superficiais, e por isso não puderam evitar o desgaste no solo. Depois de plantada e dos ajustes finais, toda a grama foi adubada com húmus de minhoca para ajudar no fechamento e crescimento da grama.

Dia cinco

No sábado dia 9, para evitar um provável desmoronamento dos degraus da Cavidade por contas das fortes chuvas do fim de semana, foi plantada a grama provisoriamente em todo o jardim, protegendo o solo da erosão. As placas de grama empilhada foram distribuidas no canteiro do jardim vizinho pra evitar queimar e amarelar.

Dia quatro

No quarto dia de trabalho, sexta-feira dia 8 de janeiro, foi concluido o trabalho de escavação e movimentação de terra. A Oca foi inteiramente revestida de grama e a Cavidade foi preparada para o término na segunda-feira dia 11.











Fotos: Nicolas Gondim

Dia três

Na quinta-feira, 7 de dezembro de 2010, foi continuado a escavação da obra e foi iniciado o plantio da grama no jardim. Por motivos administrativos, os jardineiros do Dragão do Mar encerraram sua participação direta a partir de então. Dois novos foram contratados, o ajudante Marcílio e o jardineiro Júnior. A Oca ficou parcialmente conclúida enquanto a Cavidade precisou ser escavada mais um degrau.









Dia dois

No dia 6 de janeiro foi concluída a limpeza da área de intervenção e nivelamento no caimento natural do terreno. Ainda pela manhã, chegaram os sacos de bagana e as placas de gramas, totalizando 145m² . Depois do meio-dia foi iniciada a marcação dos círculos de 4 metros de diâmetros da Cavidade e da Oca, para em seguida começar o trabalho de escavação. Luiz Pretti registrou a ação em vídeo e Nicolas Gondim registrou em fotos.










Fotos: Nicolas Gondim

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

planta e corte

Dia um

A obra foi iniciada no dia 5 de janeiro de 2010. No primeiro dia a antiga grama foi removida para limpeza da área de intervenção. Participam do projeto o jardineiro-chefe Antônio Carlos, o arquiteto Artur Cordeiro e a artista Sabyne Cavalcanti, com o apoio operacional do Fernando do Museu de Arte Contemporânea.






Instalações elétrica e hidráulica

Antes de iniciar a obra, a maior preocupação era encontrar uma tubulação hidráulica ou elétrica na escavação, e consequentemente quebrar o cano, com o transtorno do aguaceiro e um risco mortal de choque elétrico. Foi fornecida pela equipe técnica do Museu a planta elétrica, na qual não consta tubulações na área de escavação. Entretanto, a instalação hidro-sanitária foi um mistério, não havia informações técnicas a respeito de sua localização no terreno. E por pouco um cano de água não foi quebrado, localizado na tangente do círculo mais externo.



Projeto CASA

Uma abertura no solo, revestido com grama, convida o publico a comunhão com o elemento terra, a um rito, entre o frio e o quente, o vazio e o cheio, a terra é removida do seu espaço, dando lugar a uma cavidade, uma quase moradia.
Podemos pensar esta descida como um encontro entre vida e morte, é só lembrarmos, que para os Astecas, a terra é a mãe criadora, mas também aquela que se alimenta dos mortos, sendo, portanto também destruidora.
Através da construção deste sítio específico, procuro expandir a percepção do mundo apreendido e a importância de ser e estar aqui, compactuando este lugar.
A CASA é formada pela Cavidade e pela sua forma oposta, a Oca. Usando o mesmo procedimento abaixo, é possível aumentar ou diminuir o número de degraus da CASA, mantendo a mesma proporção de degraus escavados e preenchidos, respectivamente na Cavidade e na Oca.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

levantamento da área

Em outubro de 2009 foi feito o levantamento da área de intervenção externa.





sobre

Esta página é um blog-registro do Projeto Acampamento desenvolvido por Sabyne Cavalcanti. Em breve, fotos e textos.